A HABILIDADE PARA LIDAR COM A CRISE FINANCEIRA DE UMA EMPRESA É PARA POUCOS
Em matéria anterior, fiz breves comentários acerca da necessidade de melhoria na formação de contadores e advogados no que a necessária atuação perante o atual cenário de crise das empresas brasileiras.
De longe que esse artigo não tem a pretensão de tecer críticas ao ensino das universidades. Do contrário, pretende apenas trazer os nossos colegas contadores e advogados a refletir sobre tal situação.
A meu ver, a crise financeira e operacional (definições distintas) deixa sequelas quase que irreparáveis a saúde da empresa (o endividamento descontrolado é um exemplo disso). Constitui um verdadeiro e indesejado legado para todo aquele assessor que busca ou pretende atender demandas contratada de ordem contábil/financeira, fiscal e jurídica.
São questões difíceis de sanear no curto prazo haja visto que muitas das vezes acaba por afetar em cadeia (dependendo do grau de problema gerado) a própria empresa, seus clientes, parceiros e fornecedores em geral.
É aí que entra a necessidade de que o contador e advogado saibam como “lidar” com o problema.
Na crise financeira há escassez de caixa na maioria das vezes e tal situação é capaz por si só de gerar redução na capacidade e pagamento, inclusive dos honorários mensais.
Se não houver sintomas imediatos no caixa, os sinais começam com a falta de retorno econômico, externado pela geração de prejuízos contábeis.
Em conversas entre colegas sempre surge o questionamento no sentido de se aferir, por exemplo, até que ponto crises como aquelas que ocorrem em níveis globais como a Guerra da Rússia com a Ucrânia têm afetado os negócios e clientes.
Espantosamente, muitas das vezes sequer é percebido o efeito deletério dessas tragédias na vida dos clientes.
O fato é que em algum momento, alguns dos clientes será afetado (em cadeia ou de forma isolada) por situações desta ordem, a ponto de estes perderem suas receitas operacionais.
E a pergunta que fica é a seguinte, sabemos mesmo ajudar os clientes que estão em crise iminente? Ou só sabemos atuar, mal comparando, pilotando um avião em céu de brigadeiro?
Como professor, me preocupo em comentar com o alunado da existência de tais intempéries no mundo empresarial haja visto que a experiência aponta que 90% dos negócios em algum estágio da vida passarão por problemas financeiros em maior ou em menor grau.
Não há dúvida de que é complexa e multifacetada a solução, sendo necessário o apoio incondicional (não simplesmente pontual) de contadores/assessores e não de meros geradores de guias de imposto.
Por outro lado, há que se proteger os negócios da crise financeira, juridicamente estudada por legislação especial, mas que poucos dominam.
De plano, em se tratando especificamente dos profissionais da área de contabilidade eu não tenho nenhum receio em afirmar que não vislumbro uma preparação específica por meio das universidades. Quanto a área jurídica, institutos como o da recuperação judicial e a falência são por poucos conhecidos.
A única certeza que se tem é que, diante de um cenário de grave crise financeira global, contadores e advogados que saibam lidar tecnicamente com o problema sem perder a sanidade e serenidade prosperarão.
E a pergunta que não quer calar é: como adquirir conhecimento para atuar ou lidar com a crise?
Continua …
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